terça-feira, 14 de outubro de 2008

Futuro do Projeto Kane o que será?

Muito pouco se sabe ainda sobre as idéias do Projeto Kane. Muito mais dificil de interar quando os membros simplesmente sumiram. Bom devo confessar que muitoa coisa interna ocorreu, boa parte da moderação foi dizimada por falta de colaboração e muito desanimo se abateu sobre os membros fundantes. O Projeto kane de inicio tinha idéias um tanto utopicas a saber agora depois de longa reflexão, porém a face critica do projeto jamais será esquecida por isso mesmo ainda se mantém vivo o projeto aberto a debates e a discussões. Não digo que deixamos de lado a injuria ante a TV globo ou qualquer veiculo Midiático, mas passaremos ao menos de minha parte a mostrar apenas o lado critico da coisa deixando a merce de cada ser a escolha em aderir à revolta ou se acomodar.
Fácil é se manter neutro onde nada é verdade ou mentira e dificil é saber que ao escolher o lado contra mão você estará fadado a andar por si só, ou com apenas alguns colegas. Só que ao escolher o que é de gosto próprio não se terá descontentamento, e sim a certeza de que por mais que pouco tenha sido feito, algo foi feito.
O projeto não acabou e não morrerá o blog se manterá vivo e a comunidade também por mais que a inatividade pareca clara. Estaremos aqui para deixar um perspectiva crítica seja ela embasada em pesquisas ou de proprio cunho. O que vale salientar é que nós do projeto kane não dizemos amém a tudo e buscamos ver todos os lados da moeda.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

8 DE OUTUBRO

Em 8 de outubro de 2008 se comemora o 41 aniversário da morte de Che.
Um dia para relembrar não a sua morte, mas a vida e o exemplo desse homem, que foi capaz de lutar e morrer por uma América Latina melhor e mais unida!

A morte de Che Guevara

"É o meu destino : hoje devo morrer!
Mas não, a força de vontade pode superar tudo!
há obstáculos, eu reconheço!
não quero sair....
Se tenho que morrer será nesta caverna (...).
Morrer, sim, mas crivado de balas, destroçado pelas baionetas
Uma recordação mais duradoura do que meu nome
É lutar, morrer lutando"
Ernesto Guevara de la Serna, janeiro de 1947.

Desde que dois bolivianos, integrantes da guerrilha comandada por Che Guevara instalada na região do Ñacahuazú, a uns 250 quilômetros ao sul de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, desertaram, os militares tiveram quase certeza que aquele a quem denominavam “Ramón”, era de fato o Che. Há dois anos, desde sua carta de despedida, lida publicamente por Fidel Castro, em outubro de 1965, que ninguém, a não ser o alto comando cubano, sabia do seu paradeiro. Em pouco tempo, assessores militares norte-americanos desembarcaram em La Paz, capital da Bolívia, para instruir o mais rápido possível um batalhão de Rangers, adestrados na contra-insurgência, capazes de sair à caça dos guerrilheiros. As certezas da CIA e das autoridades bolivianas, da presença de Che, aumentaram ainda mais quando capturaram, em Muyupampa, um vilarejo no sul do país, no dia 20 de abril de 1967, o intelectual francês Regis Debray, um agente de ligação de Fidel com Che, e o argentino Ciro Bustos. Tornou-se evidente que a presença dos dois estrangeiros se devia a razões de um plano mais vasto de operações militares. Debray, depois de torturado, confessou que “Ramón” era mesmo o Che.
Entrementes, Che havia dividido seus homens - formado em sua maioria por cubanos, alguns bolivianos, um par de peruanos e uma mulher, Tânia, uma teuto - argentina que integrara-se na luta - em duas colunas, a de Joaquim e a dele. O grupo de Joaquim foi exterminado em Vado del Yeso, quando tentava atravessar os rios Acero e Oro. O de Guevara, reduzido a 17 homens, foi cercado, no 11º mês de manobras, num canyon em La Higuera, pelas tropas do capitão Gary Prado, no dia 8 de outubro de 1967. Depois de intenso tiroteio, com sua arma avariada e com a perna trespassada por uma bala, Che Guevara rendeu-se. Sua aparência era assustadora, parecia um mendigo, magro, sujo e esfarrapado. Levaram-no para um casebre em La Higuera que servia como escola rural. Lá, na tétrica companhia dos cadáveres de dois jovens guerrilheiros cubanos, ele passou sua última noite. Foi interrogado pelo ten-cel. Andrés Selich ao qual apenas confessou ter sido derrotado, lamentando que nenhum camponês boliviano tenha aderido aos seus propósitos.
No dia seguinte, 9 de outubro, por rádio, veio a ordem de La Paz para que o executassem. O agente cubano-americano da CIA, Félix Rodrigues, desejava levar Che como prisioneiro para o Panamá para interrogá-lo, mas o Gen. René Barrientos, presidente da Bolívia, fora muito claro.
Coube ao sargento Mário Terán, disparar-lhe uma rajada de balas quando Che ainda estava deitado no chão batido da escola. Morreu aos 39 anos. Removeram-no para Vallegrande onde foi exposto sobre umas pias da lavandeira de um pequeno hospital. Lá amputaram-lhe as mãos para conferir com suas digitais existentes na Argentina. Antes, tiram várias fotos. Surpreendentemente ele, ferido e estirado, parecia-se com uma daquelas telas do Barroco que retratam o Cristo caído. Seu olhar fixo parecia tranqüilo, como se não fosse surpreendido pelo desastre. Consumava-se assim a sua idéia da morte como martírio. Ele, e mais sete outros, foram enterrados numa cova anônima nas proximidades do pequeno aeroporto de Vallegrande, sob o mais absoluto sigilo. Durante os 28 anos seguintes ninguém manifestou-se a respeito, até que o Gen. reformado Mário Vargas Salinas informou ao jornalista Jon Lee Anderson aonde jogaram o cadáver. Depois de dois anos de escavações, peritos cubanos e argentinos, encontraram finalmente seus ossos. Foram transladados para Cuba, onde foram recebidos por Fidel e Raul Castro com honras de estado. Nesses trinta anos que se passaram Che Guevara havia deixado a História para adentrar na Mitologia da América Latina.


MANIFESTO – “CARTA AO COMPANHEIRO CHE”

por Mauro M. Braga – Grupo OLLA

Ernesto Guevara, nosso inspirador “Che”: queria que você estivesse aqui e pudesse testemunhar o que vou brevemente relatar.
Foi profética a fala de seu amigo Fidel ao ironizar a arrogância dos que acreditavam que, tirando sua vida, Che, estariam dando um golpe definitivo nos revolucionários da América. Era claro para ele e para todos nós que seu martírio produziria efeito contrário, mitificando o espírito rebelde e transformando-o em energia libertadora que transcenderia tempos e espaços. Ah, companheiro, se você estivesse aqui agora, veria no que virou sua amada América Latina.
Você veria que Cuba, hoje, não está mais sozinha. Nossos movimentos populares, sempre inspirados em você, venceram uma a uma as tantas ditaduras que nos assombravam. E nossos votos realizaram incríveis prodígios por aqui. Pra você ter uma idéia, os generais de ontem deram lugar a indígenas, operários, padres ligados à Teologia da Libertação, mulheres... Essa nova América Latina, cada vez mais solidificada, cada vez mais unida, cada vez mais esquerdista e popular, estremece as bases de sustentação das elites, das oligarquias, dos imperialistas. Você se orgulharia de nós, companheiro Che.
Se orgulharia ao ver que a Cuba que você tanto amou segue seu caminho de promoção de justiça social, superando todas as dificuldades e ainda servindo de inspiração para todos os que sonham com um Outro Mundo Possível. Superando o fim da URSS, o maior embargo econômico da história, as constantes ameaças e provocações do vizinho imperialista, os furacões, Cuba segue de cabeça erguida. Povo guerreiro, que você conhece bem. Se orgulharia em ver que Cuba já não precisa mais exportar guerrilhas para a África ou a América Latina, como na sua época. Cuba, amigo Che, hoje exporta solidariedade, exporta médicos. O governo cubano envia milhares deles a países necessitados. Comandante Guevara, você sabe que, nesse próximo primeiro de janeiro, Cuba comemora 50 anos da vitória da Revolução – e seremos sempre todos gratos a você por ter sido tão imprescindível nessa linda página da história latino-americana. Fui testemunha no ano passado da paixão dos cubanos por você.
Mas há muito mais por que se orgulhar. Você veria, por exemplo, que nossos pobres camponeses foram capazes de criar, no Brasil, um movimento como o MST – o maior movimento popular do planeta. É verdade que a ampla reforma agrária latino-americana com a qual você sempre sonhou, amigo, ainda está longe de ser conquistada. A resistência, você sabe, é enorme. No entanto, aprendemos com você o quanto devemos ser perseverantes e pacientes, pois a vitória final virá – cedo ou tarde. Hoje nós já temos poder e organização para combater o latifúndio improdutivo, a especulação, o coronelismo, as milícias de jagunços. Os poderosos proprietários, que sempre foram quase intocáveis na América Latina, agora tremem diante do MST e dos camponeses organizados.
De onde você está hoje, Che, espero que possa ver que estamos assistindo de camarote à queda do império, corroído em suas próprias entranhas pela doença cega e terminal da sociedade de consumo, que agoniza nas suas crises financeiras, ecológicas, sociais e institucionais. Essa falência de um modelo, por outro lado, inspira a cada dia o movimento dos cidadãos de bem, que sempre sonharam com um outro mundo possível e que hoje fazem disso seu slogan, seu objetivo de vida e de luta, reunindo-se numa verdadeira revolução global chamada Fórum Social Mundial. Seu nome, comandante Che, como sempre, é um dos mais exaltados e aclamados nas reuniões dessa nova classe de revolucionários.
Enquanto o Império desmorona, nossa América Latina estabelece novas bases políticas, inspirando-se em Simon Bolívar e José Marti e construindo o “Socialismo do Séc. XXI”. Você se surpreenderia, Che, em saber que hoje proliferam por aqui governos de esquerda ou de centro-esquerda – com bases populares, tentando usar as inúmeras riquezas desse continente para promover inclusão social e distribuição de renda, e não mais para remeter divisas ao exterior ou enriquecer oligarquias. Buscando restabelecer as funções do Estado, sempre tão necessárias para as classes mais humildes e rompendo com as tragédias geradas pelo neoliberalismo. Buscando criar laços com a África e a Ásia, fortalecendo a voz dos povos periféricos do mundo e rompendo com séculos de subserviência latino-americana, primeiro aos colonizadores, depois à Inglaterra e por fim aos EUA. Chávez, Correa, Moralez, Lula, Bachelet, Lugo, etc... são nomes que simbolizam uma nova América Latina, com a qual gente da sua e da minha geração sempre sonhou, companheiro Che. Você precisava ver o quanto a mídia elitista gosta de atacá-los, desrespeitá-los, satirizá-los de forma caricata, o quanto as elites articulam para sabotar seus mandatos e seus programas de governo. Mas o resultado é inverso, pois sua popularidade só faz aumentar. Aliás, Che, essa mesma mídia também costuma voltar suas baterias de ataque a figuras que inspiram todo esse processo, como você, companheiro. Você não tem idéia das barbaridades que a nojenta revista “Veja” publicou a seu respeito no ano passado. Mas deixa pra lá: quem busca esse tipo de informação, no fundo, a merece, você não acha? Matérias como aquela são sintomas do desespero das elites que vêem, aos poucos, o chão ruir sob seus pés nessa nova América Latina.
Finalmente, Comandante Che, e de forma especial, eu gostaria de me referir a uma questão. Quisera você pudesse testemunhar o levante dos seus irmãos indígenas, cuja história de exploração lhe comoveu tanto desde os tempos em que você, ainda muito jovem, buscava seu destino viajando pelos Andes. Você veria que hoje, o orgulho está voltando a brilhar nos olhos deles. Eu poderia aqui lhe falar da rebelião zapatista de Chiapas ou de lutas como a da Raposa Serra do Sol. Mas quero lhe falar sobre a Bolívia. A mesma Bolívia indígena e miserável que você quis transformar há 40 anos. A Bolívia para a qual você, literalmente, entregou a sua vida. Pois saiba, Companheiro Ernesto Che Guevara, que seu sacrifício não foi em vão: hoje o presidente da Bolívia é um indígena! Não é – e nem poderia ser – nenhum tipo de messias. Não se transforma um país explorado há tantos séculos da noite para o dia. Mas você, que conheceu de perto os indígenas e camponeses bolivianos quando atuou com eles na guerrilha, teria orgulho deles hoje. Eles têm resistido bravamente às tentativas de desestabilização arquitetadas pelas oligarquias e pelos EUA. Eles têm protegido o governo de Evo Moralez. E eles se sentem fortes para fazê-lo, sabe por que, companheiro? Porque sabem que hoje não estão mais sozinhos. Eles têm o apoio da maioria dos países vizinhos. Eles já viram uma tentativa semelhante de golpe ser derrotada na Venezuela alguns anos atrás. Eles mesmos já deram uma demonstração de força vencendo a “Guerra da Água” em Cochabamba. E agora estão, de novo, nos enchendo de orgulho.
É, Comandante Ernesto Che Guevara: vivemos numa nova América Latina. Muito a fazer, pouco a comemorar ainda, mas com certeza uma nova América Latina. E você tem tudo a ver com isso. Por isso lhe somos gratos. Que seu espírito de dedicação e volutariedade ao trabalho que deve ser feito, somado à energia poderosa da indignação, continuem a nos inspirar nessa longa caminhada. Pátria ou Morte! América Latina Livre! Hasta La Vitória! Sempre!


"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros." Ernesto Che Guvara

CAMPANHA DE SOLIDARIEDADE PARA CUBA

A Associação cultural José Martí Paraná-Cuba convida a todos nossos amigos brasileiros da solidariedade com Cuba para aderirem à campanha humanitária:

"COM TODOS PARA O BEM DE CUBA"


"Com o amor renasce a esperança", dizia o herói nacional José Martí. Inspirados no seu ensinamento e no seu exemplo, convidamos a todos, no Brasil e no mundo, a unirem-se num grandioso esforço de apoio humanitário ao povo cubano, que está vivendo momentos muito difíceis, para ajudá-lo a socorrer as vítimas dos terríveis furacões "Gustav" e "Ike", que devastaram uma considerável parte do território de Cuba, gerando perdas e danos a milhares de moradias, hospitais, escolas, plantações, serviços básicos essenciais, assim como a perda de pertences pessoais indispensáveis para retomar a normalidade da vida cotidiana.

Esta campanha tem como objetivo fundamental captar recursos materiais e financeiros para socorrer as vítimas dos furacões, assim como respaldar a luta do povo cubano e todos aqueles solidários com Cuba contra o bloqueio imposto injustamente pelos Estados Unidos por quase meio século.

"Por quem merece amor", será o lema central da campanha, em justo reconhecimento ao povo cubano que, já há 50 anos, tem dado inumeráveis provas de solidariedade humana.

A Campanha Nacional está sendo divulgada, hoje, 8 de outubro de 2008, na cidade de Curitiba, e propõe desenvolver as seguintes ações:

1. Contribuições monetárias de todas as pessoas físicas e jurídicas que desejem aderir à campanha, através de depósitos nas contas bancárias destinadas para essa finalidade.

Banco do Brasil Agência 0018-3 Conta corrente Nro. 91000-7
Consulado Geral de Cuba
Por favor, na hora de fazer depósito especificar estado de onde faz o depósito.

2. Coleta de doações de alimentos não-perecíveis e de medicamentos que, devido a seu alto custo ou às restrições externas impostas pelo governo dos Estados Unidos, tornam-se de difícil aquisição para o povo cubano.
As doações se receberão em:

R. Alameda Cabral, 737 no FETIAP - Curitiba- PR telefone: (41) 32239760

3. Coletar doações de artigos de primeira necessidade e outras prioridades a serem identificadas durante a Campanha, fazendo-os chegarem até os territórios mais afetados pelos furacões.
(no mesmo endereço anterior).

4. As contribuições serão acompanhadas de uma ampla mobilização das entidades de solidariedade com Cuba e de outros setores políticos, sindicais, culturais, econômicos e comerciais de interesse estratégico, com fins humanitários para que, junto a ANCREB-JM, iniciem campanhas de apoio material e moral ao povo cubano e de condenação ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos.

5. Publicação da página web da Associação(http://www.josemartipr.ig.com.br/) para estimular a participação na campanha e informar periodicamente sobre os recursos monetários e materiais captados assim como seu destino. A esse esforço se uniram jornalistas e comunicadores brasileiros que expressam seu desejo de colaborar conjuntamente com a União de Jornalistas de Cuba(UPEC) junto com a qual se dispuseram a colaborar.

6. A campanha desenvolverá a logística necessária para que as contribuições materiais cheguem aos lugares mais necessitados de Cuba e, com essa finalidade, solicitaremos apoio de autoridades dos governos cubano e brasileiro.

contamos com a sua participação!

"A solidariedade é a ternura dos povos" Che

Teresita Campos Avella
Asociasón Cultural José Martí Paraná-Cuba
telefone: (41) 9969874
Cuba pede ajuda à comunidade internacional

O país que nunca hesitou em enviar seus voluntários para auxiliar as populações da América Latina e da África pede agora a nossa ajuda para a sua reconstrução, após a catastrófica passagem dos furacões Gustav e Ike.
Mais que um ato de solidariedade, devemos mostrar gratidão a esse pequeno país que, mesmo sofrendo com um bloqueio criminoso dos Estados Unidos há décadas, sempre fez questão de ajudar aos povos de todo o mundo.
Segue abaixo o pedido de ajuda do povo cubano à comunidade internacional:

DECLARAÇÃO DO COMITÊ INTERNACIONAL PELA LIBERDADE DOS CINCO
A todos os comitês e amigos dos Cinco e Associações amigasAos amigos da Revolução CubanaÀs pessoas nobres e honestas do mundo e em especial ao povo brasileiro
Como é de conhecimento público, a passagem implacável dos furacões Gustav e Ike, com apenas 9 dias de diferença um do outro, assolou a ilha de Cuba de Oriente a Ocidente, provocando milhões de perdas na agricultura, moradia e infraestrutura do país.
Graças à existência da Revolução Cubana e sua Defesa Civil, apenas lamentamos a perda de 7 vidas humanas. Vários milhões de cubanos tiveram que ser evacuados e milhares perderam total ou parcialmente suas moradias.
Apesar do duríssimo golpe, ninguém ficará abandonado nem acontecerá com eles o que acontece até hoje com as vítimas em outros países.
Alertamos a opinião pública internacional sobre a campanha midiática da suposta ajuda humanitária da administração Bush para Cuba.

O que ele prega, para a vergonha da humanidade, é a pretensão, mesmo em meio à uma colossal desgraça, de apoderar-se de Cuba.
Caso se tratasse de um mínimo gesto "humanitário", a primeira coisa que o governo dos EUA deveria fazer é levantar incondicionalmente o bloqueio genocida contra Cuba. Nem sequer quis fazê-lo por seis meses, para que Cuba possa adquirir os insumos necessários para a construção de suas moradias, nas condições normais que qualquer outro país da terra faz, assim como solicitou dignamente o governo cubano em suas três notas verbais.
A política genocida contra Cuba não teve freio mesmo diante dessas dolorosas circunstâncias para a nação cubana. Desde a indigna oferta de 100 mil dólares, condicionados a uma supervisão "in situ", seguida pelo anúncio de vendas por 250 milhões, realizado pelo Secretário de Comércio. Outra maquiavélica manobra que pretende mostrar ao mundo uma mão estendida que ainda é a mesma que pretende assassinar Cuba.
A cifra é inferior ao que Cuba adquiriu no decorrer do ano e não modifica um milímetro as condições comerciais nem sequer nessas graves circunstâncias: o pagamento deverá ser contado, não haverá linha de crédito, os barcos que transportarem as mercadorias não poderão atracar em um porto dos EUA durante 6 meses e todas as enormes restrições que impõe o criminoso bloqueio contra Cuba.
Os danos superam os 5 bilhões de dólares, especialmente nas moradias, agricultura, eletricidade, comunicações e a infra-estrutura econômica.
Se hoje existem governos progressistas na América Latina e o Caribe é por conta, entre outros fatores, da heróica resistência do povo cubano durante todos estes anos, apesar de ser um pequeno país bloqueado e castigado, jamais deixou de estender sua mão solidária aos nossos povos.

-Hoje é Cuba quem necessita da urgente solidariedade de cada um de nós.
Chamamos a todos para exigir o levantamento incondicional do bloqueio genocida contra Cuba tal como vem exigindo a comunidade internacional em absoluta maioria.
-Exigimos que os EUA respeitem o clamor de nossa nações levantando o bloqueio contra Cuba.
Façamos nosso o Chamamento dos Intelectuais cubanos e convidamos nossos amigos a
referendá-lo e reproduzi-lo.
Denunciamos o governo dos Estados Unidos da América, suas agências de inteligência e a máfia terrorista de Miami que pretende tirar proveito dessa situação com sua campanha de mentiras à opinião pública.
Chamamos a todos os amigos de Cuba no mundo a trabalhar solidariamente para reconstruir o que a força da natureza destruiu.
-Cuba necessita, com imperiosa necessidade: Alimentos não-perecíveis, Materiais de reparação elétrica, Materiais de Construção.
-Apenas alguns dados para ilustrar os danos:
Evacuados: 3 milhões e duzentas mil pessoasMoradias afetadas: cerca de 500 mil danificadas seriamente, 62 mil destruídas totalmenteTorres elétricas destruídas: 137. Postes de luz derrubados: 4500Perdas na agricultura de dezenas de milhares de hectaresPerda de meio milhão de avesPerdas numerosas na cana de açúcar, no tabaco, café, banana, cítricos e arrozGrandes perdas na criação de suínosMilhares de km de rodovias e estradas danificadas.Sete portos fechados.Numerosos danos em instituições educacionais, universidades, creches, instituições culturais e sanitárias.

Diante desse devastador panorama levanta-se firme como as palmeiras o valor da dignidade do povo cubano que, apesar do bloqueio e os furacões, não perde o sorriso e segue construindo esse mundo possível e solidário que tanto a nossa humanidade necessita.

Cuba, mais uma vez, Vencerá!!!

"A solidariedade é a ternura dos povos"
Ernesto Che Guevara

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mídia brasileira - excelente texto

O QUE VOCÊ PRECISA SABER QUE OS JORNAIS NÃO CONTAM
Publicado em 02 de setembro em "vi o mundo" por Luiz Carlos Azenha(o que você nunca pôde ver na tv).

Eu acho os jornais brasileiros abomináveis, especialmente na política externa. São incapazes de articular uma cobertura que dê conta do novo papel que o Brasil está desempenhando no cenário internacional.
Isso independe de governo. O Fla x Flu da política doméstica parece ter contaminado até mesmo a cobertura internacional.
Qual o impacto que o pré-sal terá no papel do Brasil, se de fato terá algum?
Os Estados Unidos tornarão o Brasil um parceiro preferencial por causa das descobertas de petróleo?
Quando o Obama disse que em dez anos pretende livrar os Estados Unidos do petróleo importado do Oriente Médio está contando com petróleo brasileiro, da Venezuela e da África?
Se sim, isso tem relação com o fato de que os Estados Unidos criaram um comando militar para a África?
Isso tem relação com a volta da Quarta Frota?
Pegue a coleção da Folha de S. Paulo, que se acha o melhor jornal do Brasil, e faça essas perguntas ao matutino paulistano.
Vão alegar que o jornal está distraído, polemizando com o Caetano Veloso.
O que falta aos jornais brasileiros? Em minha opinião, falta pensar o Brasil. Pensar o país fora das amarras de seus próprios interesses políticos e econômicos -- ou, se isso é impossível, acima deles.
Por outro lado, é muito mais barato reproduzir artigos distribuídos por agências em vez de investir em jornalistas de qualidade distribuídos pelas capitais mais importantes do mundo.
Você, caro leitor, acha que o fim do mundo tem importância?
Se você acha que o fim do mundo tem importância, como notícia, não gostaria de saber o que estão pensando sobre o fim do mundo em Washington, Paris, Londres, Moscou e Beijing?
Os jornais brasileiros pararam de pensar nisso lá atrás, quando caiu o muro de Berlim.
Mas o mundo insistiu em continuar existindo -- com seus arsenais nucleares.
O dos Estados Unidos foi modernizado. O da Rússia se deteriorou.
E, de lá para cá, os Estados Unidos podem ter atingido a chamada "supremacia nuclear". O que isso significa? Que o Pentágono acredita que pode vencer uma guerra nuclear contra a Rússia e a China.
Você acha que isso é notícia? Eu acho.
E é importante pelo simples fato de que, a partir dela, você entende muito melhor os movimentos dos países no cenário internacional.
O que explica a insistência dos Estados Unidos em instalar um sistema de mísseis anti-míssil na Europa Oriental?
O que levou os russos a ficarem apopléticos com isso?
O fato de que os Estados Unidos atingiram a supremacia nuclear e, com isso, se consideram muito mais à vontade para usar a força em qualquer parte do mundo.
O sistema anti-mísseis dos Estados Unidos, que começou a ser desenvolvido durante o governo Reagan -- e foi batizado de Guerra nas Estrelas -- só faz sentido nesse contexto. Certo de que tem a supremacia nuclear e de que, num eventual ataque, conseguiria destruir a maior parte dos submarinos, bombardeiros e mísseis russos ou chineses, os Estados Unidos desenvolvem um sistema que, mesmo falho, poderia reduzir o impacto de qualquer contra-ataque.
Mas, a acreditar no que sai nos jornais brasileiros, o Vladimir Putin acordou um dia Lobo Mau e decidiu fazer o papel de vilão.
Os jornais brasileiros estão fascinados com a arte e com os boxes. Informação é para tapar o buraco que sobra das propagandas.

http://www.viomundo.com.br/opiniao/o-que-voce-precisa-saber-que-os-jornais-nao-contam/

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Pablo Neruda

Morre Lentamente
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar, morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoínho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida a fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante... Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio pleno de felicidade.
Pablo Neruda


Pablo Neruda (Parral, 12 de Julho de 1904 — Santiago, 23 de Setembro de 1973) foi um poeta chileno premiado com o Nobel de Literatura de 1971, um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha (1934-1938) e no México.

Alguns pensamentos seus:

"Só com uma ardente paciência conquistaremos a esplêndida cidade que dará luz, justiça e dignidade a todos os homens. Assim a poesia não terá cantado em vão."

"Em minha casa reuni brinquedos pequenos e grandes, sem os quais não poderia viver. O menino que não brinca não é menino, mas o homem que não brinca perdeu para sempre o menino que vivia nele e que lhe fará muita falta."

" E a minha voz nascerá de novo,talvez noutro tempo sem dores,e nas alturas arderá de novo o meu coraçãoardente e estrelado".

Assembléia-Geral da ONU

LULA NA ASSEMBLÉIA DA ONU

Em discurso de abertura da Assembléia-Geral das Nações Unidas, em Nova York, Lula comentou sobre assuntos polêmicos como a crise financeira mundial, a crise alimentar, biocombustíveis e ainda falou da América do Sul e sua capacidade de integração, entre outros assuntos.

Sobre a crise financeira mundial Lula declarou que apenas a ação determinada dos governantes, principalmente nos países que estão no centro da crise, será capaz de combater a desordem das finanças e também criticou a falta de regras na economia, citando:“É inadmissível -dizia o grande economista brasileiro Celso Furtado-que os lucros dos especuladores sejam sempre privatizados e suas perdas invariavelmente socializadas.”Ressaltou ainda que “a ética deve valer também na economia”.

Sobre a América do Sul, o presidente enfatizou a capacidade da região em resolver seus problemas sem a mediação dos países ricos, e destacou a atual formação de um mundo multipolar: “ Aos poucos vai sendo descartado o velho alinhamento conformista dos países do sul aos centros tradicionais. Essa nova atitude não conduz, no entanto, a uma postura de confrontação. Simplesmente pelo diálogo direto, sem intermediação das grandes potências, os países em desenvolvimento têm-se credenciado a cumprir um novo papel no desenho de um mundo multipolar. Está em curso a formação de uma nova geografia política, econômica e comercial no mundo. No passado os navegante miravam a estrela polar para encontrar o norte, como se dizia. Hoje, estamos procurando a solução de nossos problemas contemplando as múltiplas dimensões do nosso planeta. Nosso “norte” as vezes está no sul”. Lula ainda comentou a importância da Unasul, que visa o desenvolvimento e a integração dos países, assim como a capacidade da organização de respostas a assuntos regionais complexos, como o vivido “pela nação irmã Bolívia”.

Falou ainda da importância e das vantagens dos biocombustíveis, destacando que a produção de etanol não é culpada pela crise dos alimentos, mas sim a grande especulação nos preços do petróleo.


OUTROS LÍDERES

O presidente Geoge W. Bush não deu grande importância a crise econômica, mas enfatizou que a ONU reforce sanções a Coréia do Norte e ao Irã, por causa do programa nuclear dos países. Já o presidente iraniano declarou que é direito de qualquer país se utilizar da energia nuclear para fins pacíficos, dizendo ainda que o império americano está chegando ao fim e que os próximos governantes “devem limitar sua interferência a suas próprias fronteiras”.

CUBA ABANDONA ASSEMBLÉIA DA ONU EM PROTESTO A BUSH:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=47708877&tid=5249668195894481493&start=1

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Somos Todos Iguais - Catedral

"Somos todos iguais
Na chegada e na partida
No encontro e despedida
Na jornada pela vida sem saber
Somos todos iguais
Na mentira e na verdade
No amor e na maldade
Parte da humanidade sem saber
Sentimento incomum
Comunhão sem perceber
Somos partes de um só
No sentido de viver
E viver é tão dificil
Se não nos aproximar
Cabe a nós querer mudar
O amor está no ar
Somos todos iguais
Na mentira e na verdade
No amor e na maldade
Parte da humanidade sem saber"




As diferenças estão nos olhos de quem vê. As diferenças estão na gananciosa mente humana. A diferença é uma ilusão. Alguém ainda não se deu conta disto?

Somos todos iguais: Seres humanos

Atualmente há entre 3 mil e 4 mil idiomas no mundo, o que evidencia a grande diversidade étnica e cultural. Todos possuem cultura, pois esta se define como sendo o convívio em sociedade, assim como os hábitos, valores, crenças e costume de determinado grupo em questão, que são repassados de geração para geração. Portanto, o branco, o negro, o índio, o analfabeto, o sábio, o rico e pobre, independentemente das diferenças, possuem cultura, aliás, são estas diferenças que formam as variadas culturas existentes.
Sem dúvida, o Brasil é o melhor país para exemplificar a diversificação étnica e cultural, pois a população brasileira é formada da miscigenação dos vários povos que aqui foram se instalando. O primeiro elemento dessa formação foi o índio, que nos deixou uma grande herança cultural, como hábitos alimentares e uma série de palavras incorporadas ao português brasileiro, e que infelizmente hoje está reduzido a menos de 1% da população brasileira. Em seguida chegaram os portugueses, que nos deixaram o idioma, instituições administrativas, sociais, morais, etc. Outro elemento étnico extremamente importante na formação da população é o negro africano que,indiscutivelmente, deixou um traço cultural muito forte até nos dias de hoje. No censo de 2000 foram cadastrados no Brasil cerca de 70 milhões de pessoas negras e mulatas, o que correspondia a 45% da população nacional. Com o decorrer do tempo outros povos foram se fixando no Brasil, como os italianos, eslavos, japoneses entre outros.
E é toda esta diversidade que faz do Brasil um país encantador, no entanto, o racismo é um mal ainda muito presente em nossa sociedade, mas com uma boa análise, percebemos que esse ato pré-conceituoso – como a palavra já esclarece o significado- é bem mais freqüente em países que servem como pólo de atração de emigrantes. Para nós brasileiros toda essa mistura de “raças” é normal, pois nosso país é formado dessa mistura, porém, para muitos países europeus por exemplo, trata-se se um atentado a “pureza de sua gente”, uma violação a cultura do país. Daí que se origina o xenofobismo, que basicamente se trata da “aversão a estrangeiros”, resultando em enumeráveis conflitos e na formação de “grupos de ataque”.
Exemplo histórico bem típico de racismo, foi o nazismo na segunda guerra mundial, que tendo como líder máximo Adolf Hitler, pregava a superioridade da raça ariana e a pureza racial. Só para começo, o conceito de “raça” está geneticamente provado que não se aplica a espécie humana, pois somos a espécie mais homogênea existente e o que nos diferencia são detalhes físicos poucos significativos. Quanto a superioridade racial, ela se desenvolveu da evolução histórica e da relação internacional de determinados grupos, já que logicamente e provado geneticamente, a miscigenação de raças não gera nenhum tipo de deterioração biológica. E por essa grande tolice e irracionalidade humana cometeu-se o genocídio de um povo: o judeu, e nada justifica tamanha crueldade.
A Ku Klux Klan é outro exemplo bem famoso de “grupos de ataque” que surgiu após a Guerra de Secessão e libertação dos escravos nos EUA. A partir daí surgiram vários grupos sempre visando a perseguição aos negros, que passaram a viver segregados em guetos, sofrendo discriminação e sendo vedado a eles o acesso a diversos serviços públicos.Um dos mais famosos desses guetos deu origem ao Harlem, bairro de Nova York.
No Brasil, estes tipos de discriminações são considerados crime. Vejamos alguns aspectos da lei n. 7.716:
·Art. 1 Serão punidos, na forma da Lei, os crimes de preconceito de raça e cor.
. Art. 4 Negar ou obstar emprego em empresa privada.
· Art. 5 Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
·Art. 6 Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno, em estabelecimento de ensino público ou privado em qualquer grau.
· Art. 20 Praticar, induzir ou incitar, pelos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza, a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia ou procedência nacional. [...]

Está claro que a pequena diferença entre povos é uma questão muito ínfima quando comparada à essência do ser humano. Todos nós temos as mesmas necessidades, somos sensíveis às mesmas dores, temos a capacidade de pensar e raciocinar logicamente, portanto, somos todos iguais. Sendo assim, todos merecemos ter as mesmas oportunidades, merecemos comer, merecemos ter acesso à saúde e educação e acima de tudo, merecemos ser respeitados pelo simples fato de sermos seres humanos!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Capitalismo: O lado de dentro da caverna

Texto Indicado por Alessandra.

É impossível afirmar que o capitalismo seja o melhor sistema econômico, ao contrário, esse tipo de sistema vigente está levando a humanidade ao suicídio, à medida que proporciona a profunda desigualdade, lançando um número assustador de pessoas à miséria, enquanto que uma pequena parcela se deleita em excessivas futilidades.

No grupo dos países desenvolvidos –que engloba a América Anglo-Saxônica, praticamente toda a Europa, Japão, Austrália e Nova Zelândia- onde estão concentrados os recursos técnicos e econômicos, encontramos 25% da população mundial. Na porção dos países subdesenvolvidos –América Latina, África e Ásia- que se observa praticamente a inexistência de capital, vivem mais de 75% da população mundial.

O alimento, apesar da produção ser suficiente para todos, está extremamente mal distribuído, sendo um reflexo da péssima distribuição de renda. Verifica-se assim, a grande concentração de alimentos nos países ricos, nos quais se perde milhões de toneladas no superconsumo humano e animal, enquanto que nos países pobres a subnutrição mata 15 crianças a cada minuto. Estas são apenas as conseqüências mais gritantes do capitalismo.

Além dos enormes danos sociais, o capitalismo tem provocado enormes danos ambientais. As indústrias queimam inimagináveis quantidades de combustíveis fósseis que liberam poluentes na atmosfera, agravando o efeito estufa o que resulta no aquecimento global, que por sua vez afeta todo o equilíbrio da biosfera. As reservas naturais, seja de combustíveis fósseis, minerais e até as florestas e animais estão desaparecendo à medida que o consumo aumenta.

Além de se alimentar da miséria da maioria dos seres humanos, da exploração excessiva dos recursos naturais, esse sistema criou outra forma de alimentação: a manipulação. Para isso, o capitalismo inventou uma felicidade ilusória, a da satisfação pelo ato de adquirir, uma espécie de “compro, logo existo”, o que gera um consumo desenfreado e a completa ignorância da maioria da população. Comparando com o Mito da Caverna de Platão, é como se a maioria estivesse mergulhada na escuridão da caverna, sendo guiada pelos sentidos mais superficiais e além de tudo, tomando esse tipo de vida como sendo o verdadeiro. Mas na realidade, enquanto essa grande multidão de manipulados sem identidade volta-se para suas vidas medíocres, procurando satisfazer seus desejos mais vulgares, como a aparência de seus corpos, de suas roupas e de seus pertences, o mundo desaba ao redor. Os desastres naturais, as doenças e a pobreza se proliferam, assim como o número de pessoas sem oportunidades destinadas ao fracasso, e ao invés da solidariedade a sociedade atual se fecha cada vez mais ao individualismo e ao egocentrismo que o sistema impôs.

Todo esse panorama é conseqüência de um único objetivo do sistema capitalista: lucrar! Então como esse pode ser um sistema justo? Se visa o bem estar de tão poucos em detrimento do sofrimento da maioria.

Todos os fatos observados são dados alarmantes de que a humanidade precisa, urgentemente, mudar o modo de vida, e de que o capitalismo, indiscutivelmente, está levando o mundo ao caos. Basta cada um decidir de que lado quer ficar: do lado de fora ou do lado de dentro da caverna.

Referências bibliográficas

PADILHA, Valquíria.A sociologia vai ao shopping center.Ciência Hoje, mai. 2007, p. 30-35

Platão, A República, livro VII

domingo, 11 de maio de 2008

O papel político da mídia – Caso Venezuela

Quando analisamos o papel desempenhado pela mídia na sociedade é impossível não se deparar com a forte influencia política que a esta exerce, a mídia elege ou depõe o político que quiser, o caso do golpe de estado ao presidente venezuelano Hugo Chavez, ocorrido em abril de 2002 deixou que este problema não é exclusividade do povo brasileiro. Este episodio deixou claro que a mídia concentrada nas mãos de poucos é uma ameaça a democracia, como o poder popular pode ser respeitado num cenário onde poucos grupos empresariais controlam os veículos de formação de opinião e não cumprem seu papel de levar noticias imparcialmente a sociedade?

O ambiente político que levou a oposição a realizar o golpe foi bem sugestivo, alem do descontentamento geral por parte dos “poderosos” com o governo Chávez por conta de este governante ter políticas que visavam atender as classes mais pobres da Venezuela, dias antes do golpe, o presidente venezuelano trocou completamente todos os cargos de confiança do executivo da estatal venezuelana PDVSA, empresa petrolífera da Venezuela, ao mexer no domínio do petróleo Chavez mexeu tanto com a elite da Venezuela, quanto com setores dos EUA, que sempre tiveram na Venezuela uma fonte de petróleo barato.

O papel da mídia neste ambiente foi lamentável, como a oposição dominava os meios de comunicação social, fizeram tudo para demonizar o presidente Chávez, o colocava como um cidadão psicologicamente instável, um demagogo, um corrupto, criavam polemicas e conflitos entre ele e a hierarquia da igreja católica, na medida do possível criavam tensões na área internacional, um verdadeiro massacre gerado pela mídia a figura do presidente, com objetivo de minar a confiança popular que Chávez tinha.

Uma central sindical, CTV, financiada pelo patronato da Venezuela desempenhou um papel principal no desenvolvimento do golpe, ao buscar apoio nas camadas da pequena burguesia, junto a Fedecamaras, contra o presidente Chávez.

No dia dez de abril a Fedecamaras, junto a CTV, anunciam paralisação geral na Venezuela, a greve duraria inicialmente dois dias, porem a partir desta paralisação a oposição ao governo Chavez começa as manobras para concretizar o golpe. Eles incitam conflitos em manifestantes pro e contra o governo, colocam franco-atiradores para disparar contra manifestantes chavistas, e assim estava formado o caos, dez pessoas foram mortas nestes dias, e os militares que estavam aliados com a oposição, alegando que o Chavez havia renunciado por conta das pressões internas gerados pelas supostas violações de direitos humanos, dão o golpe e colocam no governo Pedro Carmona, presidente da Fedecamaras.

Para provar que as intenções dos golpistas eram democráticas, eles “fecham” o congresso nacional, declaram dissolvido o supremo tribunal e o ministério publico, declaram que a constituição não existe que foi feita pelo “autoritário” Chavez e assim não tinha validade.Uma onda de violência irracional tomou conta das ruas de Caracas, casas de ministros foram de pedradas, a embaixada de cuba no pais foi isolada por grupos de arruaceiros que cortaram água e luz e isolaram o prédio, nas ruas depredavam carros, e ameaçavam e injuriavam o embaixador e os funcionários.

Mas, e a mídia nisto tudo, como se comportou? O ate então gerente de produção da emissora RCTV Andrés Izarra, em seu livro “Chavez e os meios de comunicação social” conta qual era a ordem dos dirigentes da RCTV: "Na manhã do dia 12 de abril, depois de uma reunião dos diretores do canal, chegaram instruções que proibiam a veiculação de informações relativas a Chávez, seu paradeiro, seus seguidores, seus parlamentares. A ordem foi clara: tirem o chavismo da tela", no dia do golpe de estado, o principal canal de mídia se calou, e preferiu passar desenho animado a dar alguma informação sobre o caso, nos poucos momentos em que foi falado do golpe na mídia, eram as gargalhadas que os dirigentes comemoravam o golpe, colocavam tudo como uma “renuncia” do presidente, colocavam que agora a democracia voltava a Venezuela.

A casa de Marcel Granier, proprietário da RCTV serviu de “QG” do golpe, que teve como mais forte vetor o apoio da mídia. Na outra ponta do golpe estava Ari Fisher, porta-voz da casa branca, que acusava Chavez de ser o principal culpado pelo golpe, prometeu total apoio ao novo governo, e elogiou a ação dos golpistas. O FMI declarava que daria total apoio aos golpistas.

Pouco a pouco no dia 12 de abril, os “chavistas” foram tomando consciência de que estava realmente acontecendo e o cenário político mudou completamente, o povo saiu às ruas, os manifestantes tomaram das ruas e exigiram o retorno do presidente Chavez, havia manifestações a favor de Chavez também nas forças armadas, pouco após, enquanto a multidão ocupava a rua, o comandante do exercito Efrain Vasquez, intimou o novo governo a respeitar a ordem constitucional, senão iria perder totalmente o apoio por parte dos militares. Desse momento em diante o pânico toma conta dos golpistas, Pedro Carmona numa medida de total desespero tentou sem sucesso retomar o controle do pais revogando os decretos que dissolviam o congresso e o supremo tribunal, mas, já era tarde.

Os militares retomam o palácio de Miraflores, Carmona foge para a fortaleza de Tiuna, depois disso a volta de Chavez era questão de tempo, o deputado Juan Barreto convoca reunião da assembléia nacional no único canal de televisão estatal, e dirige um ultimato à oposição exigindo saber aonde se encontrava o presidente Chavez – preso, ate então – e às quatro e meia da madrugada do dia 14 de abril Chavez entra no palácio de Miraflores, e reassume o poder. Não provoca uma grande repressão aos golpistas e nem fuzila nenhum deles, coloca seu mandato nas mãos do povo novamente, convocando um referendo para saber se deveria ou não continuar no poder.

Este episódio mostra que o poder da mídia concentrado nas mãos de poucos empresários é uma ameaça a democracia, em nenhuma democracia seria a mídia pode concentrar tanto poder, colocar em cheque este poder é um dever de todo cidadão, a mídia tem função de informar, e não de “desinformar” o cidadão, não é admissível que empresários usem os meios de comunicação para manipular a população, e assim exercer poder político na sociedade. O modelo de mídia adotado tanto na Venezuela como no Brasil deve ser reformulado, para que se evite que episódios assim sejam repetidos, e a soberania popular seja desrespeitada respeitada, manter este sistema é ir contra a democracia, tirar do povo o poder e transferir para as mãos de uma elite econômica.

domingo, 27 de abril de 2008

O Mito da Caverna

O MITO DA CAVERVA

Para explicar o movimento de passagem de um grau de conhecimento para outro, no livro VII da República, Platão narra o Mito da Caverna, alegoria da teoria do conhecimento e da paideía platônicas.

Para dar a entender ao jovem Glauco o que é e como se adquire o conhecimento verdadeiro, Sócrates começa estabelecendo uma analogia entre conhecer e ver.

Todos os nossos sentidos, diz Sócrates, mantêm uma relação direta com o que sentem. Não é esse, porém, o caso da visão. Para que a visão se realize, não bastam os olhos (ou a faculdade da visão) e as coisas coloridas (pois vemos cores e são elas que desenham a figura, o volume e as demais qualidades da coisa visível), mas é preciso um terceiro elemento que permita aos olhos ver e às coisas serem vistas: para que haja um visível visto é preciso a luz. A luz não é o olho nem a cor, mas o que faz com que o olho veja a cor e que a cor seja vista pelo olho. É graças ao Sol que há um mundo visível. Por que as coisas podem ser vistas? Porque a cor é filha da luz. Por que os olhos são capazes de ver? Porque são os filhos do Sol: são faróis ou luzes que iluminam as coisas para que se tornem visíveis. A visão é, assim, uma atividade e uma passividade dos olhos. Atividade, porque é a luz do olhar que torna as coisas visíveis. Passividade, porque os olhos recebem sua luz do Sol.

Conhecer a verdade é ver com os olhos da alma ou com os olhos da inteligência. Assim como o Sol dá sua luz aos olhos e às coisas para que haja mundo visível, assim também a idéia suprema, a idéia de todas as idéias, o Bem (isto é, a perfeição em si mesma) dá à alma e às idéias sua bondade (perfeição) e é por isso que a alma pode conhecer as idéias. E assim como a visão é passividade e atividade da olho, assim também o conhecimento é passividade e atividade da alma: passividade, porque a alma precisa receber a ação das idéias para poder contemplá-las; atividade, porque essa recepção e contemplação constituem a própria natureza da alma.

Assim como na treva não há visibilidade, assim também na ignorância não há verdade. A eikasía e a dóxa são para a alma o que a cegueira é para os olhos e a escuridão é para as coisas: são privações (privação da visão e privação de conhecimento)

Sob a analogia da luz, a diferença entre o sensível e o inteligível se apresenta assim:

MUNDO SENSÍVEL MUNDO INTELIGÍVEL

Sol_____________________________________________Bem

Luz_____________________________________________Verdade

Cores____________________________________________Idéias

Olhos____________________________________________Alma racional ou inteligência

Visão_____________________________________________Intuição

Treva, cegueira,privação de luz_________________Ignorância, opinião, privação de verdade

Essa analogia é o tema do Mito da Caverna, narrado por Sócrates a Glauco para fazê-lo compreender o sentido da paideía filosófica, isto é, da dialética e do conhecimento verdadeiro.

Imaginemos, diz Sócrates, uma caverna subterrânea separada do mundo externo por um alto muro. Entre este e o chão da caverna há uma fresta por onde passa alguma luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos ali estão acorrentados, sem poder mover a cabeça na direção da entrada, sem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede de fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros, pois não podem mover a cabeça nem o corpo, e sem se ver a si mesmos porque estão no escuro imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres, animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.

Nesse ponto, Glauco diz a Sócrates que o quadro descrito por ele lhe parece algo estranho, incomum, e inusitado. Sócrates, porém lhe diz que os prisioneiros “são semelhantes a nós”. E prossegue. Os prisioneiros se comunicam, dando nomes às coisas que julgam ver (sem vê-las realmente, pois estão na obscuridade) e imaginam que o que escutam, e que não sabem que são sons vindos de fora, são as vozes das próprias sombras e não dos homens cujas imagens estão projetadas na parede e também imaginam que os sons produzidos pelos artefatos que esses homens carregam nos ombros são vozes de seres reais. Qual é, pois, a situação dessas pessoas aprisionadas? Tomam sombras por realidade, tanto as sombras das coisas e dos homens exteriores como as sombras dos artefatos fabricados por eles. Essa confusão, porém, não tem como causa a natureza dos prisioneiros e sim as condições adversas em que se encontram. Por isso Sócrates indaga: que aconteceria se fossem libertados dessa condição de miséria e, “retornando à sua natureza, pudessem ver as coisas e ser curados de sua ignorância?”.

Essa pergunta é grave. De fato, para os prisioneiros, o único mundo real é a caverna, portanto, a obscuridade na qual não podem se ver nem ver os outros não é percebida como tal e sim experimentada como realidade verdadeira. E a caverna é para eles todo o mundo real, pois não sabem que o que vêem na parede do fundo são sombras de um outro mundo, exterior à caverna, uma vez que não podem virar a cabeça para ver que há algo lá fora e que é de lá de fora que outros homens lhes enviam imagens e sons. Ora, se para os prisioneiros o mundo real é caverna, como poderiam sair da ilusão se não sabem que vivem nela?

Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando as durezas de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a ação da luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento. Incredulidade porque será obrigado a decidir onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu. Deslumbramento (literalmente: ferido pela luz) porque seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas iluminadas. Seu primeiro impulso é retornar à caverna para livrar-se da dor e do espanto. Embora esteja reconquistando sua verdadeira natureza, o sofrimento que essa reconquista lhe traz é tão grande que se sente atraído pela escuridão, que lhe parece mais acolhedora. Além disso, precisa aprender a ver e esse aprendizado é doloroso, fazendo-o desejar a caverna, onde tudo lhe é familiar e conhecido.

A descrição platônica é dramática: o caminho em direção ao mundo exterior é íngreme e rude; o prisioneiro libertado sofre e se lamenta de dores no corpo; a luz do sol o cega; ele se sente arrancado, puxado para fora por uma força incompreensível. Platão narra um parto: o parto da alma que nasce para a verdade e é dada à luz.

Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por causa da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no exterior. Aos poucos, habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem felicidade de finalmente ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as suas forças para jamais regressar a ela. No entanto, não pode evitar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.

Assim como a subida foi penosa, porque o caminho era ingrato e a luz, ofuscante, também o retorno será penoso, pois será preciso habituar-se à luz. De volta à caverna, o prisioneiro fica cego novamente, mas, agora, por ausência de luz. Ali dentro, é desajeitado, inábil, não sabe mover-se entre as sombras nem falar de modo compreensível para os outros, não sendo acreditado por eles. Torna-se objeto de zombaria e riso, e correrá o risco de ser morto pelos que jamais se disporão a abandonar a caverna. (...)

A caverna, explica Sócrates a Glauco, é o mundo sensível onde vivemos. O fogo que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (do Bem e das idéias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis, que tomamos pelas verdadeiras, e as imagens ou sombras dessas sombras, criadas por artefatos fabricadores de ilusões. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos, nossas paixões e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e permite a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna para convidar os outros a sair dela é o diálogo filosófico, e as maneiras desajeitadas e insólitas do filósofo são compreensíveis, pois quem contemplou a unidade da verdade já não sabe lidar habilmente com a multiplicidade das opiniões nem mover-se com engenho no interior das aparências e ilusões. Os anos despendidos na criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma para libertar-se. Conhecer é, pois, um ato de libertação e de iluminação. A Paidéia filosófica é uma conversão da alma voltando-se do sensível para o inteligível. Essa educação não ensina coisas nem nos dá a visão, mas ensina a ver, orienta a olhar, pois a alma, por sua natureza, possui em si mesma a capacidade para ver.

O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento ascendente de libertação do olhar intelectual que nos livra da cegueira para vermos a luz das idéias. Mas descreve também o retorno do prisioneiro para convidar os que permaneceram na caverna a sair dela, ensinando-lhes como quebrar os grilhões e subir o caminho. Há, assim, dois movimentos: o de ascensão (a dialética ascendente), que vai da imagem à crença ou opinião, desta para as matemáticas e destas para a intuição intelectual e a ciência; e o do descenso (a dialética descendente), que consiste em praticar com outros o trabalho para subir até às idéias.

Os olhos foram feitos para ver, a alma foi feita para conhecer. Os primeiros estão destinados à luz solar, a segunda, à fulguração da idéia. A dialética é a técnica libertadora dos olhos do espírito.

O relato da subida e da descida expõe a paideía como dupla violência necessária para a liberdade e para a realização da natureza verdadeira da alma: a ascensão é difícil, dolorosa, quase insuportável; o retorno à caverna, uma imposição terrível à alma libertada, agora forçada a abandonar a luz e a felicidade. A dialética, como toda técnica, é uma atividade exercida contra uma passividade, é um esforço para obrigar um dýnamis a se atualizar, um trabalho para concretizar um fim, forçando um ser a realizar sua própria natureza. No Mito, a dialética leva a alma a ver sua própria essência ou forma (eîdos) __, isto é, conhecer__ vendo as essências ou formas (eíde __ isto é, os objetos do conhecimento __, para descobrir seu parentesco com elas, pois a alma é parente da idéia como os olhos são parentes da luz.

p. 257-262

A INTERPRETAÇÃO DO MITO DA CAVERNA POR HEIDEGGER

(...) O Mito da Caverna, começa Heidegger, estabelece uma relação interna ou intrínseca entre a paideía e a alétheia : a filosofia é educação ou pedagogia para a verdade. Essa relação é proposta pelo mito com a analogia entre os olhos do corpo e os olhos do espírito quando passam da obscuridade à luz: assim como os primeiros ficam ofuscados pela luminosidade do Sol, assim também o espírito sofre um ofuscamento no primeiro contato com a luz da idéia do Bem, que ilumina o mundo das idéias. A trajetória realizada pelo prisioneiro é a descrição da essência do homem (um ser dotado de corpo e alma) e sua destinação verdadeira (o conhecimento intelectual das idéias). Essa destinação é seu destino: o homem está destinado à razão e à verdade. Por que, então, a maioria dos homens permanece prisioneira da caverna? Porque suas almas não recebem a paideía adequada à destinação humana. Assim, a paideía, alegoricamente descrita no mito, é “uma conversão do olhar”, isto é, a mudança na direção de nosso pensamento, que, deixando de olhar as sombras (pensar sobre as coisas sensíveis), passa a olhar as coisas verdadeiras (pensar nas idéias). E, observa Heidegger, não foi por acaso que Platão escolheu a palavra eîdos para designar as idéias ou formas inteligíveis, pois eîdos significa figura e forma visíveis, e a idéia é o que o olho do espírito, educado, torna-se capaz de ver. A idéia do Bem, correspondente ao Sol, não só ilumina todas as outras tornando-as todas visíveis para o olho do espírito, mas é também a idéia suprema, tanto porque é a visibilidade (inteligibilidade) plena como porque é a causa da visibilidade (inteligibilidade) de todo o mundo inteligível. A filosofia, conhecimento da verdade, é conhecimento da idéia do Bem, princípio incondicionado de todas as essências. Assim como o Sol permite aos olhos ver, assim o Bem permite à alma conhecer. A luz é a mediação entre aquele que conhece e aquilo que se conhece.

Empregando a metáfora da visão, continua Heidegger, o Mito da Caverna preserva o antigo sentido da alétheia como não-esquecimento e não-ocultamento da realidade, pois alétheia é o que é arrancado do esquecimento e do ocultamento, fazendo-se visível para o espírito, embora invisível para o corpo. A verdade é uma visão, visão da idéia, isto é, do que está plenamente visível para a inteligência e, por ser visão plena, a verdade é evidência: um visível inteiramente visto, sem sombras e sem obscuridades, é evidente; um vidente que tudo vê, sem que nada lhe escape e nada lhe fique escondido, possui a evidência.

É exatamente essa concepção da verdade como evidência, argumenta Heidegger, que dá ao Mito da Caverna ainda um outro sentido com o qual compreendemos por que Platão é o inventor da razão ocidental.

De fato, na origem, a palavra alétheia é uma palavra negativa (a-létheia), significando o não-esquecido, não-escondido. Isso pressupunha que a verdade era inesgotável, oferecia-se pouco a pouco e jamais completamente nem de uma só vez, permanecia com um fundo esquecido e escondido do qual, de vez em quando, algo surgia e se manifestava, fazendo-se não-esquecido e não-escondido. Com o Mito da Caverna, porém, a verdade, tornando-se evidência, torna-se visibilidade plena e total, abandona o antigo sentido negativo da a-létheia para ganhar um sentido positivo ou afirmativo. Em lugar de dizermos que o verdadeiro é o não-escondido, Platão nos leva a dizer que a verdade é o plenamente visível para o espírito, aquilo de que nada permanece escondido ou oculto. Que significa isso? Significa que a verdade deixa de ser o próprio ser se desocultando ou se manifestando aos homens para tornar-se uma operação (a mais alta e mais importante) da razão humana que, pelo olhar intelectual, apreende a idéia como essência inteiramente vista e contemplada, sem sombras. A verdade, diz Heidegger, se transfere da ação do próprio ser (que se mostrava parcialmente aos homens) para a ação da alma, que tudo vê e alcança o todo do ser. Deixando de ser uma aparição sobre um fundo permanente de ocultamento (pois o ser não cessava de se manifestar porque nele sempre permanecia um fundo oculto inesgotável, um não-visível ou um invisível essencial), a verdade torna-se o conhecimento total e pleno da idéia do Bem. Com isso, escreve Heidegger, a verdade dependerá, de agora em diante, da razão humana.

Qual é a pedagogia proposta pelo Mito da Caverna? A educação do olhar. Ou seja, a verdade, doravante, dependerá do olhar correto, que olha na direção certa __ não olha para o interior da caverna, mas para fora e para o alto __, e dependerá do olhar exato e rigoroso __ que não olha sombras opacas e indecisas, mas realidades claras, distintas, delimitadas, nítidas. Exatidão, rigor, correção são as qualidades e propriedades da razão, no Ocidente. A verdade e a razão são theoría, contemplação das idéias quando aprendemos a dirigir o intelecto na direção certa, isto é, para o conhecimento da essência das coisas. Dessa maneira, conclui Heidegger, Platão destruiu o antigo conceito da verdade, no qual era o próprio ser que se manifestava no mundo e ao mundo, e o substituiu por aquele que prevalecerá no pensamento ocidental, o inteligível e a inteligência, obtida apenas pelas operações da própria alma. Platão teria, assim, iniciado o processo do destino ocidental, a saber, colocar o homem com primazia sobre o ser. (...)

p. 262-264

O MITO DO ER OU A REMINISCÊNCIA

É preciso explicar como, vivendo no mundo sensível, alguns homens sentem atração pelo mundo inteligível. Como, nunca tendo tido contato com o mundo das idéias, jamais tendo contemplado as idéias, algumas almas as procuram? De onde vem o desejo de sair da caverna? Mais do que isso, como os que sempre viveram na caverna podem supor que exista um mundo fora dela, se os grilhões e o alto muro não deixam ver nada externo? Em outras palavras, como explicar que vivendo entre simulacros, crenças e opiniões, os homens possam supor que existe algo além deles e que esse algo é a verdade, se jamais a viram? E como explicar, quando têm o contato com uma idéia verdadeira, que saibam que ela o é? Para decifrar esse enigma, Platão, na República, narra o Mito de Er, também conhecido como o Mito da Reminiscência, da anámnesis, que vimos ser inseparável da antiga idéia da alétheia (o não-esquecido).

O pastor Er, da Panfilia, é conduzido pela deusa até o Hades, o reino dos mortos, para onde, segundo a tradição grega, sempre foram conduzidos os poetas e adivinhos ou videntes. Ali, Er encontra as almas dos mortos serenamente contemplando as idéias. Devendo reencarnar-se, as almas serão levadas para escolher a nova vida que terão na Terra. São livres para escolher a nova vida terrena que desejam viver. Após a escolha, são conduzidas por uma planície onde correm as águas do rio Léthe (o esquecimento). As almas que escolheram uma vida de poder, riqueza, glória, fama ou uma vida de prazeres, bebem água em grande quantidade, o que as faz esquecer as idéias que contemplaram. As almas dos que escolhem a sabedoria quase não bebem das águas e por isso, na vida terrena, poderão lembrar-se das idéias que contemplaram e alcançar, nesta vida, o conhecimento verdadeiro. Desejarão a verdade, serão atraídas por ela, sentirão amor pelo conhecimento, porque, vagamente, lembram-se de que já a viram e já a tiveram. Não esquecem dela e por isso, para elas, ela é a a-létheia, não-esquecida.

A verdade como lembrança e o conhecimento como reminiscência já aparecera, como vimos, num diálogo da juventude, o Mênon. Enquanto na República o Mito de Er complementa o Mito da Caverna respondendo à pergunta “Como quem vive desde sempre na aparência e na ilusão pode sair em busca da verdade?”, no Mênon, a reminiscência é apresentada para responder à pergunta “Como, ao encontrar uma verdade, sabemos que a encontramos?”. Nas duas ocasiões, a resposta de Platão __”conhecer é lembrar” __ consiste em afirmar que a alma aprendeu, antes da encarnação, tudo aquilo de que ela, novamente, adquirirá o conhecimento, de sorte que investigar e aprender é reativar um saber total que se encontra em estado latente na razão. Procurar e aprender é reencontrar um saber já adquirido que está esquecido. O filósofo dialético, como o médico que faz o paciente lembrar-se, suscita nos outros a lembrança do verdadeiro. Se já não tivéssemos estado diante da verdade, não só não poderíamos desejá-la como, chegando diante dela, não saberíamos identificá-la, reconhecê-la. No entanto, buscar e aprender não é simplesmente um esforço de memória, mas um trabalho de investigação realizado com instrumentos adequados e guiados pelas exigências de certeza e fundamentação do que se conhece ou se aprende. Além disso, as idéias não são entidades isoladas umas das outras e sim relacionadas entre si por laços necessários de concordância recíproca, de tal maneira que ao recordar uma idéia ou ter a intuição intelectual dela, a alma também se recorda de outras ligadas a esta primeira e intui conjuntos de idéias verdadeiras, adquirindo a epistéme.

O que se passa com o escravo do Mênon nos ajuda a compreender o processo de busca e aprendizado como investigação e recordação da verdade. Sócrates pede ao escravo que indique o comprimento do lado de um quadrado cuja superfície seja o dobro da superfície de um quadrado dado. Sócrates não espera que o escravo demonstre o Teorema de Pitágoras nem que faça cálculos numéricos envolvidos pelo teorema, uma vez que está envolvido com a complexa questão dos números desproporcionais ou dos irracionais. O que Sócrates espera? Simplesmente uma construção geométrica elementar. Antes de chegar à resposta correta (a diagonal do quadrado dado é a linha sobre a qual deverá ser construído o segundo quadrado para ser o dobro do primeiro), o escravo oferece duas respostas incorretas, que ele abandona, em cada caso, graças às perguntas de Sócrates, que lhe permitem reconhecer-se como ignorante. Reconhecida a ignorância, o escravo, ainda uma vez guiado pelas perguntas socráticas, começa a raciocinar sobre os dados do problema, buscando dentro de si mesmo ou de sua razão a resposta, até encontrá-la sozinho. Porque a encontra por si mesmo, sem haver recebido lições de geometria, Sócrates dirá que o escravo lembrou-se de algo que já sabia e que estava latente em sua alma. Ora, o que é então, lembrar-se? É exercer o pensamento para que este, por si mesmo, encontre uma verdade. Assim sendo,

A reminiscência, entendida como estado mental da rememoração, permite saber aquilo de que nos lembramos no momento em que nos lembramos disso. Nesse sentido, ela é um processo com duas faces: ao mesmo tempo reativação de um conteúdo latente ou recordação (anámnesis) e verdadeira aprendizagem quando referimos essa lembrança à consciência de ignorância que o precedeu. Longe de ser uma busca desordenada no seio das lembranças, o esforço de rememoração visa a uma verdade já possuída que orienta implicitamente tal esforço (M. Canto-Sperber “Platon”, in M. Canto-Sperber, org., p.216).

Os intérpretes se dividem muito acerca do significado do Mito do Er. Seria uma alegoria para dizer que os homens nascem dotados de razão, que as idéias são inatas ao seu espírito, que a verdade não pode vir da sensação, mas apenas do pensamento? Ou seria uma primeira apresentação da teoria platônica da imortalidade da alma que será exposta no Fédon? Por enquanto deixaremos a questão em suspenso e a ela voltaremos quando analisarmos a psicologia platônica. Aqui enfatizaremos dois pontos.

Em primeiro lugar, Platão, através de dois mitos __o da caverna e o de Er __, recupera a antiga noção da alétheia (o não-esquecido), ainda que a transforme profundamente, pois para um pensamento que toma a verdade com evidência, o verdadeiro não pode ser apenas a ação do ser sobre uma alma passiva, mas exige a atividade desta última, sua iniciativa para ter a retidão do olhar espiritual, isto é, capaz da correspondência entra a atividade cognitiva da alma e da idéia. O verdadeiro é a relação entre a inteligência e verdade. Em segundo, Platão precisa recorrer aos mitos para explicar por que, sem possuirmos conhecimentos verdadeiros, desejamos o conhecimento verdadeiro. Precisa explicar que, de algum modo, já estamos na posse de alguma noção (ainda que muito vaga) da verdade e que é ela que nos empurra para a dialética. Assim, independentemente da discussão sobre o que Platão realmente pensava dos mitos que narrou, podemos dizer que possuem a função de afirmar que nascemos no verdadeiro e destinados a ele. Sem isso, a dialética seria uma técnica impossível, pois não teria o que atualizar em nossa alma, não encontraria uma dýnamis para realizar sua obra. Os dois mitos significam que há na alma a tendência para o verdadeiro, mesmo que ela não esteja de posse da verdade.

p. 265-268

Glossário de termos gregos

Paideía: Educação ou cultivo das crianças, instrução, cultura. O verbo paideúo significa: educar uma criança (paîs-paidós em grego), instruir, formar, dar formação, dar educação, ensinar os valores, os ofícios, as técnicas, transmitir idéias e valores para formar o espírito e o caráter, formar para um gênero de vida. Da mesma família é a palavra Paidéia, ação de educar, educação, cultura.

Eikasía: Representação, imagem, conjetura, comparação. O verbo eikázo significa: representar, desenhar os traços, retratar, pintar a imagem, comparar uma coisa com outra semelhante, conjeturar sobre uma coisa a partir de outra. O verbo eíko significa: ser semelhante, assemelhar, parecer, ter o ar de. Da mesma raiz vem eikón: ícone, imagem (retrato, pintura, escultura), imagem refletida no espelho, simulacro, fantasma. Para Platão, as coisas sensíveis são como o eikón e por isso o grau mais baixo do conhecimento é a eikasía.

Dóxa: Opinião, crença, reputação (isto é, boa ou má opinião sobre alguém), suposição, conjetura. Esta palavra possui dois sentidos diferentes por ser usada em dois contextos diferentes: o contexto político, no qual foi usada inicialmente, e o contexto filosófico, a partir de Parmênides e Platão. Deriva-se do verbo dokéo, que significa 1) tomar partido que se julga mais adequado para uma situação; 2) conformar-se a uma norma estabelecida pelo grupo; 3) escolher, decidir, deliberar e julgar segundo os dados oferecidos pela situação e segundo a regra ou norma estabelecida pelo grupo. Era este o seu sentido na assembléia dos guerreiros que deu origem à assembléia política, na democracia. Como a escolha e decisão se davam a partir do que era percebido, dito e convencionado pelo grupo, dóxa ganha também o sentido de uma modalidade de conhecimento e, agora, articula-se ao verbo doxázo, que significa: ter uma opinião sobre algumas coisas, crer, conjeturar, supor, imaginar, adotar opiniões comumente admitidas. É neste segundo sentido que dóxa pode ter o sentido pejorativo de conhecimento falso, preconceito, conjetura sem fundamento, sem convenção, arbitrária.

Dýnamis: Aptidão, capacidade, faculdade, potencialidade, ou possibilidade para alguma coisa. Força da natureza, força moral, fecundidade do solo, eficácia de um remédio, valor de uma moeda, valor ou significado de uma palavra. Força militar. Força e poder para influenciar o curso de alguma coisa. É da mesma raiz do verbo dýnamai que significa: 1) ter poder para, ter capacidade e autoridade para; 2) ter valor, ter significação; 3) na matemática: elevar um número ao quadrado, ao cubo, aumentando sua potência; 4) potência. Quando usado como verbo impessoal significa “é possível”. A dýnamis se refere a um poder, a uma força ou potência de alguém ou de alguma coisa a quem torna possível certas ações. É possibilidade ou capacidade contida na natureza da coisa ou da pessoa. Em Aristóteles, significa aquilo que um ser pode vir a tornar-se no tempo, graças a uma potencialidade que lhe é própria. Na filosofia aristotélica, é a razão e racionalidade do devir, o poder para ser, fazer ou tornar-se alguma coisa.

Eîdos ou Idéa: Inicialmente, na linguagem comum dos gregos, significa o aspecto exterior e visível de uma coisa: a forma de um corpo, a fisionomia de uma pessoa. A seguir, na linguagem filosófica (com Platão), passa a significar a forma imaterial de uma coisa, a forma conhecida apenas pelo intelecto ou pelo espírito, a idéia ou a essência puramente inteligível de uma coisa. Significa também a forma própria de uma coisa que a distingue de todas as outras, seus caracteres próprios; por exemplo, a doença é um eîdos, uma forma que o médico reconhece. A palavra eîdos vem de uma raiz que aparece sob três formas: eid-, oid- e id-. De eid- forma-se além de eîdos, o verbo eídomai, que significa: mostrar-se, fazer-se ver. De oid- forma-se oîda (infinitivo eidénai), perfeito do verbo ver que significa saber (por ter visto), conhecer. De id- forma-se o aoristo do verbo ver, ideîn e o substantivo idéa com o mesmo sentido de eîdos: aspecto externo, aspecto visível, forma visível, caracteres próprios de alguma coisa, maneira de ser. Com Platão, idéa passa a significar: princípio geral de classificação dos seres, forma ideal concebida pelo pensamento. Com Aristóteles, idéa significa conceito abstrato diferente das coisas concretas. Eîdos, a forma inteligível, idéa o conceito, ideîn, ver, e oîda / eidénai, saber (por ter visto), conhecer, criam a tradição filosófica do conhecimento como visão intelectual ou visão espiritual, e da verdade como visão plena ou evidência. A idéia é a realidade verdadeira que o pensamento vê. Em oposição a eîdos está eídolon: imagem, reprodução, cópia, ídolo, fantasma, simulacro.

Alétheia: Verdade, realidade. Palavra composta pelo prefixo negativo a- e pelo substantivo léthe (esquecimento). É o não-esquecido, não-perdido, não-oculto; é o lembrado, encontrado, visto, visível, manifesto aos olhos do corpo e ao olho do espírito. É ver a realidade. É uma vidência e uma evidência, na qual a própria realidade se revela, se mostra ou se manifesta a quem conhece. A palavra grega difere de duas outras que vieram, com ela, formar a idéia ocidental da verdade: a palavra latina veritas, que se refere à veracidade de um relato; e a palavra hebraica emunah, que significa confiança numa palavra divina. Alethés, o verdadeiro, significa: o não-esquecido, o não-escondido; donde: sincero, veraz, justo, equitável, verídico, franco ou não-dissimulado.

Theoría: Teoria, ação de ver, observar, examinar para conhecer; contemplação do espírito, meditação, estudo; especulação intelectual por oposição à prática. Deriva-se do verbo theoréo: observar, examinar, contemplar. Inicialmente, este verbo se refere aos espectadores que contemplam os jogos olímpicos e os comandantes que passam em revista as tropas. A seguir, passa a significar os que contemplam com os olhos da inteligência ou do espírito e, portanto, que examinam as idéias, conceitos, essências, com o significado de raciocinar, pensar, demonstrar, julgar, meditar e refletir. A teoria é o conhecimento pelo conhecimento, sem preocupação com seu uso instrumental, com sua aplicação, com as técnicas.

Anámnesis: Ação de trazer à memória ou à lembrança; lembrança, recordação. Reminiscência. Na prática médica, o momento em que o paciente auxilia o médico no diagnóstico, lembrando-se de todos os acontecimentos que antecederam a doença e todos os sintomas do início da doença. Platão faz da reminiscência o centro da teoria do conhecimento, momento em que o intelecto se recorda de haver contemplado a verdade ou as idéias que já se encontram na alma como idéias inatas, isto é, idéias com que nascemos e de que precisamos lembrar.

Epistéme: Ciência; conhecimento teórico das coisas por meio de raciocínios, provas e demonstrações; conhecimento teórico por meio de conceitos necessários (isto é, daquilo que é impossível que seja diferente do que é; o que não pode ser de outra maneira, ser diferente do que é) e universais (isto é, válidos pra todos em todos tempos e lugares). Opõe-se à empeiría. O verbo epístemai, da mesma família de epistéme, significa: saber, se apto ou capaz, ser versado em (portanto, inicialmente, este verbo não distinguia nem separava epistéme e empeiría, mas referia-se a todo conhecimento obtido pela prática ou pela inteligência, referia-se à habilidade). A seguir, passa a significar: conhecer pelo pensamento, ter um conhecimento por raciocínio e, com Aristóteles, passa a significar investigar cientificamente.

Sobre a autora:

Marilena Chauí é professora de história da filosofia e de filosofia política na Universidade de São Paulo, onde leciona desde 1967, ano em que defendeu sua tese de mestrado sobre Marleau-Ponty e iniciou, na França, seus estudos sobre a filosofia de Espinosa. Além de desenvolver atividades acadêmicas, tem participado ativamente da vida política do país. Fez sua afirmação de Espinosa, de que a felicidade é a alegria de um corpo e de um espírito capazes de viver a multiplicidade simultânea de afetos e idéias.

Texto retirado do livro:


Autora: Marilena Chauí
Título: Introdução à história da Filosofia
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2002

Esse livro é um livro introdutório pra filosofia, pra iniciantes (como eu) e por isso não possui uma linguagem pesada, pelo contrário, a linguagem é bem leve e gostosa. O subtítulo do livro é: dos pré-socráticos a Aristóteles. A autora traça uma panomara geral do nascimento da filosofia, problematiza a origem da filosofia como sendo oriental ou grega, fala dos principais filósofos que antecederam Socrates, e também fala bastante de Platão e Aristóteles. É um excelente livro pra quem quer começar a estudar ou conhecer um pouco de filosofia!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Oficina De Poesia PtII

Estúpido sarcástico não me importa
Que com jogos de palavras arcaicas!
Me faça enxergar ao longe o fronte de suas ofensas
Bom seria se te visse sofrer
Mas tu sofres... Não posso ver
Mas com palavras posso me jogar
Para o julgar de um lugar.

Que como em face de um encanto
Plagiando as brincadeiras
de um ser obstante
Que faz poeminhas de um amor distante
Aquele o qual pisa por um instante
Levanta-te da cadeira acenda mais um cigarro
No trunfo do poeta está vosso calo!


Danilo Negrão!

Poesia de minha autoria que foi criada em uma noite inusitada
em que eu e Gennaro fazíamos uma espécie de jogo poético
e que c tornou para mim um grito.
as vezes fica difícil dizer com palavras diretas tudo aquilo que pode ser verdadeiro contra algo, e nas poesias as palavras c encaixam tendo ela rima ou não.

e vale lembrar que não de poesias eh feito cultura, existem diversas formas da gente trazer cultura ao conhecimentos de todos. No caso do tópico chamar oficina de poesia eh para dar uma ilustrada. porém pode ser trazido notas criticas sobre trabalhos culturais informações diversas coisas para tornar mais interessante a parte de cultura!

domingo, 20 de abril de 2008

Indicações Bibliograficas.

No ambito Cultural que é o real proposito do Projeto Kane, estaremos sempre com posts sobre livros, e temos tambem a ofinica poética.
para comecar trarei contribuições de alguns membros algumas indicações, mas sempre estarei atualizando com novas indicações e comentários.
vamos la:

Marilena Chauí

Um breve comentário sobre a democracia ateniense:

Com a reforma de Clístenes, inicia-se a democracia (démoi, os cidadãos; krátos, o poder: o poder dos cidadãos). Para avaliarmos a originalidade dessa instituição, basta que comparemos seu nome e o dos outros três regimes políticos, isto é, monarquia, oligarquia e anarquia. Podemos observar que estes últimos são palavras compostas com um derivado de arkhé, isto é, arkhía, termo que designa a função suprema do governo. A monarkhía atribui a um só (monas) a função soberana de governo; a oligarkhía a atribui a alguns (oligói); e a anarkhía, usando um prefixo negativo (an) indica que ninguém exerce a função de governo. Em vez de demoarkhía, a palavra escolhida foi demokratía, em que krátos (força, poder, senhorio) não designa uma função __a função de governo __ e sim o princípio da própria soberania, ou seja, os cidadãos. Assim, se aristokratía quer dizer o poder dos melhores ou dos excelentes (áristoi), demokratía quer dizer o poder do démos. Poderíamos supor que se a palavra democracia não designa a função soberana de governo, então ninguém a exerce e o regime seria uma espécie de anarquia ou falta de governo. Não é, porém, o caso. Qual é o poder do demos? A força das leis. Na democracia, a função soberana não cabe a alguém ou a alguns, mas à lei; e a desobediência a ela é anarquia.

Página 133

(...) é uma democracia direta ou participativa e não uma democracia representativa, como as modernas. Em outras palavras, nela os cidadãos participam diretamente das discussões e da tomada de decisão, pelo voto. Dois princípios fundamentais definem a cidadania: a isonomia, isto é, a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, e a isegoría, isto é, o direito de todo cidadão de exprimir em público (na Boulé ou na Ekklesía) sua opinião, vê-la discutida e considerada no momento da decisão coletiva. Assim, a democracia ateniense não aceita que, na política, alguns possam mais que outros (exclui, portanto, a oligarquia, isto é, o poder de alguns sobre todos); e não aceita que alguns julguem saber mais do que outros e por isso ter direito de sozinhos, exercer o poder. Desse modo, exclui da política a idéia de competência ou de tecnocracia. Na política, todos são iguais, todos têm os mesmos direitos e deveres, todos são competentes.


Reflitam: vivemos hoje no Brasil sob um regime de democracia representativa, e não participativa como era a democracia ateniense. Vocês concordam com isso? Vocês concordam com o voto obrigatório? O que é democracia pra vocês?


Página 134

Para um cidadão ateniense seria inconcebível e inaceitável que alguém pretendesse ter mais direito e mais poder que os outros se valendo do fato de conhecer alguma coisa melhor do que os demais. Em política, todos dispunham das mesmas informações (quais eram as leis, como operavam os tribunais, quais os fatos que iriam ser discutidos e decididos), e possuíam os mesmos direitos, sendo iguais. A democracia ateniense julgava tirano todo aquele que pretendesse ser mais, saber mais e poder mais do que os outros em política.


Página
134


Texto retirado do livro:


Autora: Marilena Chauí
Título: Introdução à história da Filosofia
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2002

Esse livro é um livro introdutório pra filosofia, pra iniciantes (como eu) e por isso não possui uma linguagem pesada, pelo contrário, a linguagem é bem leve e gostosa. O subtítulo do livro é: dos pré-socráticos a Aristóteles. A autora traça uma panorama geral do nascimento da filosofia, problematiza a origem da filosofia como sendo oriental ou grega, fala dos principais filósofos que antecederam Sócrates, e também fala bastante de Platão e Aristóteles. É um excelente livro pra quem quer começar a estudar ou conhecer um pouco de filosofia!

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Li recentemente o Pedagogia da Autonomia, do Paulo Freire.
Achei interessante postar aqui porque mostra como age essa maldita ideologia que só favorece a elite dominante, que até a educação dá vida nisso, mas que pode desmascará-la.
Não tem muito a ver com televisão, mas dá pra ser associado ao tema muito facilmente. Tem uma linguagem bem simples e traz esse espírito de insatisfação e revolta contra o neoliberalismo manipulador. E Paulo Freire é sempre bom ler!

Não tenho o link pra download, mas comprei-o por um preço de sebo: 9, 00, e não é difícil achar. Acredito que na Saraiva custa 10,00.

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
Autor
: Paulo Freire
Editora: Paz e Terra


(Indicação Roger).


A Influência da Televisão no Desenvolvimento Biopsicosocial da Criança, também com o nome "Cuidado TV Vicia", de Jorge N. N. Schemes. Baixei esse livro na internet.
Link:www.adventistas.com/downloads/cuidado_tv_vicia.doc (indicação Alexandre).